Os números de dengue no estado aumentaram mais de 700% em 2011, em relação ao mesmo período de 2010, e os hospitais começam a lotar. Se o cenário já não é positivo, uma má notícia piora ainda mais a situação: o surgimento de casos da dengue tipo “4” espalhados por todo o Brasil.
De acordo com o infectologista Luiz Alberto Marinho, só não se sabe ainda quando esse novo sorotipo irá atingir o RN, mas é possível ter duas certezas a respeito: “vai chegar e com muita força”. A expectativa do especialista é que aumente não só a ocorrência da chamada dengue clássica, como também amplie o riscos de os potiguares sofrerem com a dengue hemorrágica.
Mesmo ainda sem o surgimento do novo sorotipo no RN, os números dos hospitais confirmam um crescimento acelerado da epidemia. “Somente até o dia 22, já tivemos este mês 370 casos suspeitos de dengue chegando ao hospital, enquanto em todo o mês de março de 2010 se limitou a 84”, compara a diretora do Giselda Trigueiro, Milena Martins.
Segundo ela, um aumento ainda mais “absurdo” vem sendo observado com relação aos casos suspeitos da chamada dengue hemorrágica. Foram 65 este mês, contra apenas um caso em 2010. O hospital tem hoje 29 leitos que podem ser ocupados por pacientes da doença e quando não há vagas, eles são mantidos no pronto-socorro.
Há mais risco de hemorrágica - entrevista / luiz alberto marinho - infectologista
De acordo com o infectologista Luiz Alberto Marinho, só não se sabe ainda quando esse novo sorotipo irá atingir o RN, mas é possível ter duas certezas a respeito: “vai chegar e com muita força”. A expectativa do especialista é que aumente não só a ocorrência da chamada dengue clássica, como também amplie o riscos de os potiguares sofrerem com a dengue hemorrágica.
Mesmo ainda sem o surgimento do novo sorotipo no RN, os números dos hospitais confirmam um crescimento acelerado da epidemia. “Somente até o dia 22, já tivemos este mês 370 casos suspeitos de dengue chegando ao hospital, enquanto em todo o mês de março de 2010 se limitou a 84”, compara a diretora do Giselda Trigueiro, Milena Martins.
Segundo ela, um aumento ainda mais “absurdo” vem sendo observado com relação aos casos suspeitos da chamada dengue hemorrágica. Foram 65 este mês, contra apenas um caso em 2010. O hospital tem hoje 29 leitos que podem ser ocupados por pacientes da doença e quando não há vagas, eles são mantidos no pronto-socorro.
Há mais risco de hemorrágica - entrevista / luiz alberto marinho - infectologista
Médico afirma: só não dá para precisar o dia da chegada do Tipo 4
O surgimento dos casos de dengue tipo 4 no Brasil é preocupante para o Rio Grande do Norte?
Não foi oficialmente confirmada a chegada de casos do tipo “4” aos estados do Nordeste. Agora, o fato é que vai chegar. Não dá para a gente estabelecer um período exato, porque como o “1”, o “2” e o “3” chegaram pela região Norte, esse também veio pela região Norte e invariavelmente vai chegar a todos os estados da federação. O problema é que a gente não sabe como, nem quando.
Hoje, que tipos de dengue circulam no Rio Grande do Norte?
Estamos tendo a circulação, embora isso não seja oficial porque foram poucos casos isolados este ano, mas os poucos que foram são do sorotipo 1.
O “2” e o “3” já foram registrados vários anos?
Todos os três tipos já estão conosco há muito tempo: o “1” e o “2” desde 1996 e o “3” a partir de 2002.
E esse novo sorotipo, o “4”, aumenta a possibilidade de casos mais graves?
Tremendamente. Aumenta tudo. Primeiro porque vai pegar uma população que não tem resistência nenhuma a ele. Então pode dar dengue clássico, de uma maneira absurdamente elevada, e segundo vai pegar pessoas que já tiveram contato com os outros dois, três, ou pelo menos um outro sorotipo e as chances de dengue hemorrágica aumentam sensivelmente.
Em termos de rede de saúde, qual o trabalho preventivo a ser feito?
Bom, que a gente sabe que ele vai chegar, vai. Então é preparar o sistema, começando da rede básica, para poder atender 100% dos pacientes que precisam, E é a rede básica que vai triar aqueles pacientes que podem evoluir para a forma grave, para eles procurarem serviços de maior complexidade, como os hospitais.
Então ninguém se surpreenda com a chegada do tipo “4” ao Rio Grande do Norte?
É invariável, não dá para impedir a chegada do “4” aqui. Só não dá para saber se é este ano que ele vai chegar.
E nem a força com a qual atingirá o estado?
Bom, quando chegar a força será grande, porque vai pegar uma população que não tem resistência nenhuma a ele.
Paciente relata sofrimento com a doença
Ele mesmo achava praticamente impossível, mas sentiu na pele o poder destrutivo da dengue. O comerciante ambulante Josinaldo Salviano, de 44 anos, enfrentou uma temperatura corporal equivalente à idade, devido à doença. “Com 44 graus, lá no Hospital dos Pescadores, eu já comecei a delirar, não sabia nem onde estava”, aponta.
Internado no Hospital Giselda Trigueiro, desde terça-feira, o comerciante diz que começou a sentir os sintomas no dia 16. “Fui ao médico, no Hospital dos Pescadores, onde me deram uma injeção e depois mandaram eu voltar para casa, para ir acompanhando a evolução, já que era uma suspeita”, recorda. Exames realizados diariamente revelaram o agravamento do quadro e a internação foi inevitável.
“Tive 44 graus de febre um dia, 42 no outro, além de vômitos e dores de cabeça”, lista. No meio desta semana, quando imaginava que já estava próximo da liberação, o paciente “cuspiu sangue”, o que exigiu o aumento dos cuidados e a ampliação do prazo de tratamento. “Já tomei uns 100 litros de soro. Ia sair (ter alta) na sexta-feira, mas agora, devido ao sangue, só lá para segunda ou terça.”
Mesmo fora do hospital, Josinaldo Salviano ainda terá de passar de cinco a dez dias de repouso, longe do instrumento de trabalho, um carrinho de lanches que agora vem sendo administrado pela esposa e os filhos. “Precisa o governo ver esses terrenos baldios. Lá em Ponta Negra tem um monte. Gente que fecha o terreno, vai embora e só volta cinco anos depois. Era para a Prefeitura notificar, mandar limpar e ter uma lei severa que punisse”, defende.
Nas ruas próximas à sua residência, ele diz já ter informações de pelo menos oito casos da doença. “E pelo jeito isso não vai acabar é nunca. E se vier esse tipo novo de dengue aí é que ninguém vai ficar em pé”, lamenta.
Não foi oficialmente confirmada a chegada de casos do tipo “4” aos estados do Nordeste. Agora, o fato é que vai chegar. Não dá para a gente estabelecer um período exato, porque como o “1”, o “2” e o “3” chegaram pela região Norte, esse também veio pela região Norte e invariavelmente vai chegar a todos os estados da federação. O problema é que a gente não sabe como, nem quando.
Hoje, que tipos de dengue circulam no Rio Grande do Norte?
Estamos tendo a circulação, embora isso não seja oficial porque foram poucos casos isolados este ano, mas os poucos que foram são do sorotipo 1.
O “2” e o “3” já foram registrados vários anos?
Todos os três tipos já estão conosco há muito tempo: o “1” e o “2” desde 1996 e o “3” a partir de 2002.
E esse novo sorotipo, o “4”, aumenta a possibilidade de casos mais graves?
Tremendamente. Aumenta tudo. Primeiro porque vai pegar uma população que não tem resistência nenhuma a ele. Então pode dar dengue clássico, de uma maneira absurdamente elevada, e segundo vai pegar pessoas que já tiveram contato com os outros dois, três, ou pelo menos um outro sorotipo e as chances de dengue hemorrágica aumentam sensivelmente.
Em termos de rede de saúde, qual o trabalho preventivo a ser feito?
Bom, que a gente sabe que ele vai chegar, vai. Então é preparar o sistema, começando da rede básica, para poder atender 100% dos pacientes que precisam, E é a rede básica que vai triar aqueles pacientes que podem evoluir para a forma grave, para eles procurarem serviços de maior complexidade, como os hospitais.
Então ninguém se surpreenda com a chegada do tipo “4” ao Rio Grande do Norte?
É invariável, não dá para impedir a chegada do “4” aqui. Só não dá para saber se é este ano que ele vai chegar.
E nem a força com a qual atingirá o estado?
Bom, quando chegar a força será grande, porque vai pegar uma população que não tem resistência nenhuma a ele.
Paciente relata sofrimento com a doença
Ele mesmo achava praticamente impossível, mas sentiu na pele o poder destrutivo da dengue. O comerciante ambulante Josinaldo Salviano, de 44 anos, enfrentou uma temperatura corporal equivalente à idade, devido à doença. “Com 44 graus, lá no Hospital dos Pescadores, eu já comecei a delirar, não sabia nem onde estava”, aponta.
Internado no Hospital Giselda Trigueiro, desde terça-feira, o comerciante diz que começou a sentir os sintomas no dia 16. “Fui ao médico, no Hospital dos Pescadores, onde me deram uma injeção e depois mandaram eu voltar para casa, para ir acompanhando a evolução, já que era uma suspeita”, recorda. Exames realizados diariamente revelaram o agravamento do quadro e a internação foi inevitável.
“Tive 44 graus de febre um dia, 42 no outro, além de vômitos e dores de cabeça”, lista. No meio desta semana, quando imaginava que já estava próximo da liberação, o paciente “cuspiu sangue”, o que exigiu o aumento dos cuidados e a ampliação do prazo de tratamento. “Já tomei uns 100 litros de soro. Ia sair (ter alta) na sexta-feira, mas agora, devido ao sangue, só lá para segunda ou terça.”
Mesmo fora do hospital, Josinaldo Salviano ainda terá de passar de cinco a dez dias de repouso, longe do instrumento de trabalho, um carrinho de lanches que agora vem sendo administrado pela esposa e os filhos. “Precisa o governo ver esses terrenos baldios. Lá em Ponta Negra tem um monte. Gente que fecha o terreno, vai embora e só volta cinco anos depois. Era para a Prefeitura notificar, mandar limpar e ter uma lei severa que punisse”, defende.
Nas ruas próximas à sua residência, ele diz já ter informações de pelo menos oito casos da doença. “E pelo jeito isso não vai acabar é nunca. E se vier esse tipo novo de dengue aí é que ninguém vai ficar em pé”, lamenta.
tipo 4
Apesar de notícias do surgimento da dengue tipo “4” em estados como Bahia, Piauí e Rio de Janeiro já terem sido divulgadas, até a última quarta-feira o Ministério da Saúde reconhecia oficialmente apenas os casos no Amazonas (11), Pará (3) e Roraima (4), pois já foram confirmados pelo Instituto Evandro Chagas. Os dois casos do RJ foram analisados pela Fiocruz e os dos dois estados nordestinos ainda estão sob análise. Pessoas que já sofreram com dengue dos tipos “1”, “2” ou “3” podem não só pegar a dengue do tipo “4”, como também desenvolver a doença de forma mais grave. O vírus “4” não é mais agressivo, porém a população brasileira não está imune, já que o sorotipo não circula no Brasil há 28 anos. Os casos mais recentes começaram a aparecer no estado de Roraima, em julho do ano passado. Em janeiro e fevereiro de 2011, 82% da dengue confirmada no Brasil foi do tipo “1”.
Apesar de notícias do surgimento da dengue tipo “4” em estados como Bahia, Piauí e Rio de Janeiro já terem sido divulgadas, até a última quarta-feira o Ministério da Saúde reconhecia oficialmente apenas os casos no Amazonas (11), Pará (3) e Roraima (4), pois já foram confirmados pelo Instituto Evandro Chagas. Os dois casos do RJ foram analisados pela Fiocruz e os dos dois estados nordestinos ainda estão sob análise. Pessoas que já sofreram com dengue dos tipos “1”, “2” ou “3” podem não só pegar a dengue do tipo “4”, como também desenvolver a doença de forma mais grave. O vírus “4” não é mais agressivo, porém a população brasileira não está imune, já que o sorotipo não circula no Brasil há 28 anos. Os casos mais recentes começaram a aparecer no estado de Roraima, em julho do ano passado. Em janeiro e fevereiro de 2011, 82% da dengue confirmada no Brasil foi do tipo “1”.
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