No fim da década de 80, no Rio de Janeiro, um árbitro passou a se destacar no futebol carioca. Jorge José Emiliano dos Santos ficou conhecido por conta de seu comportamento irreverente ao apitar as partidas – tanto ao marcar faltas e distribuir cartões, geralmente com gestos exagerados, quanto por um andar espalhafatoso pelo gramado. Apelidado de ‘Margarida’ e homossexual assumido, era considerado um juiz de bom nível técnico. Faleceu em 1995, aos 41 anos, vítima de complicações provocadas pela Aids, mas já estava no imaginário do futebol carioca. Quinze anos mais tarde, em Beberibe, município de aproximadamente 49 mil habitantes e a 75 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, um outro homem do apito vem dando o que falar.
Valério Fernandes Gama, de 32 anos, não esconde de ninguém a sua opção sexual e é a atração da Liga Municipal Beberibense. Natural de uma família de oito irmãos, é o único a morar com seus pais. A mãe aceita a condição do filho, mas seu pai desaprova. No entanto, o árbitro garante que a relação em casa é amistosa.
- Quem nasce homossexual, nasce homossexual, não é incentivado por ninguém. Com 15 anos assumi definitivamente minha opção sexual.
Se durante o dia cumpre seus afazeres e ajuda nas despesas da casa, à noite ele se transforma. Como se exorcizasse todos os fantasmas, se veste como se sente bem e conta como gosta de ser chamado ao sair para a balada.
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